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Posted by : CP2SC3
terça-feira, 21 de novembro de 2017
1a SÉRIE
3ª CERTIFICAÇÃO
LÍNGUA
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PRESSUPOSTOS
DE ABORDAGEM
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I – Estrutura das palavras
II – Formação de palavras
III – Estudo dos tempos verbais / Tempos
verbais sob visão aspectual.
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O estudo da estrutura e da formação das palavras
retoma o conteúdo de Língua de toda a 1ª série. Por meio do estudo da
estrutura das palavras, podem ser verificados os processos de flexão e de
derivação da língua, bem como os demais processos de formação. Comparar a
escrita de uma carta de viajantes do século XVI com um texto de internet
sobre viagem, por exemplo, pode ser excelente estratégia para associar, com
ludismo, a variação linguística e os neologismos da tecnologia.
O estudo dos verbos tem, por objetivo, a
sistematização dos tempos verbais, sobretudo nos verbos irregulares, aproveitando-se
o conteúdo de “Estrutura das palavras”.
É também válido, se o professor quiser, levar
o aluno a refletir sobre o uso efetivo dos verbos, em que se flagre, por
exemplo, o imperfeito sendo empregado para suprir o futuro do pretérito, ou o
perfeito fazendo o mesmo com o mais-que-perfeito. Além disso, a percepção de
sinonímias e distinções semânticas entre indicativo e subjuntivo também
poderá ser abordada.
O estudo do aspecto verbal visa a chamar a atenção
para a importância do emprego discursivo dos verbos, visto que um mesmo tempo
verbal, o presente do indicativo, por exemplo, pode ser empregado em
situações de fala com finalidades bem distintas: para substituir o pretérito
perfeito (presente histórico); para indicar atemporalidade (verdade
científica); para projetar o futuro.
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LITERATURA
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PRESSUPOSTOS
DE ABORDAGEM
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I. Quinhentismo brasileiro – literatura de informação e de
catequese
II. Barroco
II.1 – a prosa
de Antonio Vieira;
II.2 – a poesia
de Gregório de Matos.
III. Arcadismo
III.1 – os poetas inconfidentes e o surgimento da consciência nacional
As leituras devem ser
associadas aos estilos estudados ou à época em que ocorreram esses estilos.
Sugere-se uma seleção de textos representativos de autores desses estilos.
OBS.: Seria
interessante a organização de um material comum ao Departamento, a ser
reproduzido pela gráfica da escola.
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O estudo da Literatura brasileira na época
colonial não deve ser aprofundado; não é nosso objetivo formar alunos autônomos
na leitura de sermões de Vieira, por exemplo. Os textos escolhidos devem ser simples
e lidos em sala de aula, a fim de aproximar os alunos do vocabulário e do
contexto de produção dessas obras.
Nas cartas dos viajantes, é importante apresentar
o êxtase diante da natureza, da riqueza das águas e da fertilidade da terra,
já que essas descrições constroem o mito do paraíso, que é revisto com olhar
bastante crítico a partir da 1ª fase do Modernismo. A apresentação de alguns
poemas empregados na catequese dos índios reforça os interesses da coroa
portuguesa de exploração do trabalho indígena e de sua aculturação, temas que
também foram retomados pelos modernistas, de forma crítica e irônica.
O cerne do trabalho com o Barroco é mostrar aos
alunos as contradições humanas decorrentes da aporia pós-renascentista:
depois dos grandes avanços alcançados, o retrocesso da Contrarreforma. Deve-se
explorar nos textos o emprego recorrente de figuras como antítese, paradoxo e
inversão.
É fundamental a apresentação de textos de
Gregório de Matos que lhe renderam o apelido de Boca do Inferno, por
constituírem o olhar crítico sobre a sociedade brasileira em formação.
O principal objetivo do estudo do Arcadismo é
levar os alunos a perceberem que características como o bucolismo, a ideia do
bom selvagem e a presença da mulher como musa vão fundamentar, no século
seguinte, o primeiro grande movimento artístico brasileiro, o Romantismo.
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REDAÇÃO
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PRESSUPOSTOS
DE ABORDAGEM
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A
produção textual priorizará a construção de resenha/resumo, artigo de opinião
ou ensaio preferencialmente sobre aspectos abordados nas leituras.
OBS.: Sempre se fará, em sala de aula, a revisão da morfossintaxe
trabalhada no Ensino Fundamental, como parte integrante do processo de
correção das redações.
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Na 3ª certificação, o aluno construirá textos
argumentativos, sem formatos pré-concebidos, com o do ENEM, por exemplo. O
objetivo é, mais uma vez, proporcionar aos alunos o conhecimento de gêneros
argumentativos variados, diferentes dos que ele encontrará nas demais séries
do Ensino Médio.
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3ª CERTIFICAÇÃO
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LÍNGUA
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PRESSUPOSTOS DE ABORDAGEM
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1.
A coordenação interoracional
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O estudo da típica autonomia sintática das
coordenadas. Valores discursivos e argumentativos. Conectivos e níveis de
formalidade.
No estudo das coordenadas, há uma série de
pontos a se destacar na perspectiva de Relações Interoracionais:
•nas
aditivas, há de se problematizar o velho postulado de que nem signifique e não, afinal, por mudança linguística, nem adquiriu valores polissêmicos na língua atual, sendo
necessária a desartificialização da citada premissa;
•nas
alternativas, a possibilidade de coordenação sindética simultânea, com os
devidos efeitos discursivos e estilísticos daí decorrentes, numa rede de
possibilidades conjuncionais das mais amplas que há;
•nas
adversativas, primeiro, é preciso identificá-las como expressão de quebra
de expectativa e não como “expressão de contrariedades”, perspectiva
semântica e argumentativa bem mais restrita. Atente-se também para uma escala
de nível de formalidade nas conjunções adversativas:
[- formal] [+
formal]
SÓ QUEMAS PORÉM ENTRETANTO NO ENTANTO CONTUDO TODAVIA
•nas
conclusivas, uma relação antonímica, discursiva e argumentativa, com as
adversativas, sendo estas a “voz do dissenso” e aquelas, do consenso e
•nas explicativas, as relações de
constatação e justificativa discursiva, não sendo preponderante a ênfase na
distinção com as causais, uma vez que tal diferenciação, linguisticamente,
sequer apresenta toda a singularidade na qual as Gramáticas insistem.
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2.
Períodos complexos
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Destaque-se
que tais construções correspondem,
maciçamente,ao uso espontâneo da
língua. Portanto, cabe aqui naturalizar o olhar para o próprio
funcionamento da língua, antes que para a peripéciasestruturalizantes.
Análise de exemplos, em variados gêneros textuais.
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3.
Orações e argumentação
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Sistematização de efeitos discursivos, com vistas à argumentação, de certas estruturas
oracionais coordenadas e subordinadas. Algumas destas relações que
poderiam ser evidenciadas:
•as inter-relações de peso argumentativo
entre adversativas e concessivas;
•a própria relação de oposição entre
adversativas e conclusivas;
•o papel das conclusivas como destacadas
construções para indução/manipulação de opinião;
•nas predicativas e subjetivas, o
necessário juízo de valor evidenciado do enunciador, na principal;
•dentre
outras relações tantas mais, possíveis de se explorar.
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LITERATURA
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Olhares
que se opõem ao Romantismo, no fim do séc. XIX. O lugar da ABL na cena
literária. A inversão de relevo entre Parnasianismo e Simbolismo ocorrida no
Brasil.
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1.
Naturalismo
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O Naturalismo representa o degrau
máximo do cientificismo da segunda metade do séc. XIX
nas artes. A própria obra torna-se
“laboratório” das teses a serem, a todo custo comprovadas. Isso leva o movimento a se caracterizar de forma ambivalente, por um lado, empenhada e militante denúncia social,
como nunca antes vista, por outro, profunda
e caricata estereotipação de personagens, tomados em coletividades
inteiras, amplas e representativas socialmente. Nesse mesmo cenário, a opção
pelo retrato das camadas sociais mais
desfavorecidas também oscila entre poder cumprir a denúncia pretendida ou
descambar em ridicularização. É bastante desejável explicitar tal dualidade
com os alunos, levando-os, primeiro, a percebê-la vivamente.É, enfim, no
Naturalismo, que o antirromantismo,
na prosa, atinge seu grau mais elevado,
tomando a “desidealização” por
estética, presente nos enfoques, descrições, na própria seleção vocabular
habitual das narrativas da Escola.
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2.
Parnasianismo
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No
Brasil, o Parnasianismo foi, simbolicamente, elevado à condição de poesia “oficial”. A própria figura de
Bilac encarnava essa “legitimidade”, mais do que comprovada por seu amplo
trânsito na sociedade brasileira da época, em um variadíssimo rol de assuntos.
Seja como causa ou como consequência, o Parnasianismo brasileiro apresenta
marcas que o aproximam do Positivismo.Assim, em nosso país, a lírica dessa
Escola, a manifestação do antirromantismo
poético consolidado parece distinguir-se das referências mais gerais do
próprio Parnasianismo mundial, a começar pela inter-relação com o Simbolismo.
É notório que, no Brasil, ocorreu uma inversão em face do mais comumente
verificado: aqui o Parnasianismo foi a
Escola principal e o Simbolismo, a secundária. Ao mesmo tempo, a nossa poesia parnasiana seguiu caminhos sui generis, com um nível de
arrebatamento sentimental proibitivo em tantas de seus poemas, impondo clara ruptura com os preceitos
máximosda própria Escola, em sua glorificação da “Arte pela Arte”. Apesar disso, cabe sublinhar, junto aos estudantes, primeira e enfaticamente, o típico
Parnasianismo. As extravagâncias sentimentais da Escola brasileira devem
ser vistas como excepcionalidades.
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3.
Simbolismo
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O
Simbolismo como reação finissecular da
intuição contra a lógica, do subjetivismo sensorial contra a explicação
racional, da espiritualidade contra o cientificismo. A Escola reintroduz
o subjetivismo em nova configuração, até então inédita. O eu lírico simbolista transubstancia-se em buscas por
transcendências pelo etéreo. Daí o apogeu
do sentir e dos sentidos. O
Simbolismo aliará misticismo e onírico em um mesmo enfoque. Aqui, o estudante
terá contato com uma poesia, muitas vezes, profundamente abstrata a qual terá
que ser significada por meio das alegorias, campos semânticos, pela própria
maturidade leitora que se espera que, nessa altura, já tenha certa
desenvoltura. O Simbolismo brasileiro põe em cena, mais uma vez, a questão da
autoria negra, profundamente desprestigiada, no caso de Cruz e Sousa. Essa
Escola também pode ser vista como preparação para as inovações que irão
ocorrer no início do século XX na poesia brasileira. É oportuno apontar, na
perspectiva simbolista, diálogos com a arte plástica, com o cinema e com as
diversas representações da atualidade.
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REDAÇÃO
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1.
Argumentação e contra-argumentação
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Debates e exercícios de contraposição
argumentativa, em várias possíveis configurações.
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2.
Fatores de coerência textual
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Sistematização
dos principais fatores de coerência
textual, dentre eles: informatividade, inferências, intertextualidade, intencionalidade,
conhecimento partilhado de mundo.
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3.
A carta argumentativa
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Estudo
do gênero. Atentar para o fato de que há diferentes
formatos de carta argumentativa possíveis de se trabalhar: carta de
solicitação, carta de leitor, carta aberta, etc. Importa destacar os elementos formais fixos da carta, sua
configuração interna que, diametralmente contraposta à dissertação, necessitará de interlocução como elemento
estruturante. Portanto, a carta argumentativa não se confunde com uma
dissertação escolar com saudações iniciais e despedidas. Contraposição de
forma e de conteúdo com a dissertação.
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Observação geral sobre o programa de
redação
|
O percurso do programa
de Redação para a 2ª série parte do
leitor mais amplo ao mais restrito, do texto mais impessoal ao mais pessoal.
Na verdade, esta proposta deve ser entendida como uma indicação, não uma
amarra. Há outros ordenamentos possíveis e outros gêneros argumentativos que
podem compor o programa.
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TEMAS PERMANENTES E
TRANSVERSAIS
Temas
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Sugestões (dentre tantas outras
possíveis)
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Variação
linguística
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Tal
tema transversal está no cerne mesmo do próprio desenvolvimento do programa
linguístico e, em outra medida, também do literário, já que permite contrapor
a linguagem literária, no século XIX, tendencialmente formal, a outros
extratos linguísticos.
No
plano do estudo da Língua em si, como já apontado, as possibilidades são
inúmeras, em meio à sintaxe. Tomemos por exemplo as construções sem sujeito
em haver. Na verdade, apesar de
previstas em língua padrão, no Brasil, em linguagem espontânea, seu uso é
bastante raro. Em seu lugar, o português brasileiro prefere o verbo ter em significação existencial, o que
leva nosso português a um quadro de duas configurações semânticas e
sintáticas bastante distintas para esse verbo. Verifica-se, então, ter existencial, em construções como Tem um hospital na minha rua e ter possessivo em Minha rua tem um hospital. As oscilações aí observadas
semântico-sintaticamente levam a outras decorrências na organização oracional
que podem ser evidenciadas.
Outro
exemplo, na perspectiva sintática:
O
ponteiro do relógio escangalhou x O relógio escangalhou o ponteiro.
Cabem dez pessoas neste elevador x
Este elevador cabe dez pessoas.
Bate
muito sol nesta varanda x Esta varanda bate muito sol.
Note-se
que, na primeira frase que cada par, há uma versão padrão da frase, seguida
por uma versão de uso cotidiano. Nos três casos, percebe-se um movimento de
adjuntos passando a núcleos de sujeito (alçamento). Mais importante do que
definir minuciosamente o processo em termos sintáticos é observar as
flutuações ocorridas e constatar como elas se dão com naturalidade no uso da
língua, demonstrando assim o alcance prático e efetivo da sintaxe em si.
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Figuras
de linguagem
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As
figuras de linguagem, na 2ª série, devem ser estudadas conforme demandas dos
textos literários e linguísticos. De modo geral, mantém-se a perspectiva
geral das figuras vistas no 1º ano. Obviamente, o estudo do Simbolismo, no
fim do ano letivo, porá em destaque sinestesia, aliteração e assonância,
sempre observando que não há qualquer “propriedade” de tais figuras em
relação a tal estilo, mas apenas uma incidência acentuada.
|
A
linguagem literária do séc. XIX
|
No
século em estudo, a literatura, enfim plenamente brasileira, é palco de uma
disputa em torno de qual modelo linguístico deve servir de base à poesia e à
prosa em nosso país (lembrando que o português, no Brasil, só se institui
como língua, de fato, universal, no séc. XVIII, a partir de 1757, com o
Decreto de Pombal). Como parte do projeto de brasilidade do Romantismo, dois
de seus nomes mais destacados militaram por um português abrasileirado: José
de Alencar e Gonçalves Dias. Estão em jogo colocações pronominais, usos
regenciais verbais e nominais, seleção lexical, dentre outros aspectos.
Contudo, tão ou mais importante, como ilustração do projeto de linguagem
romântica são os depoimentos de Alencar e Gonçalves Dias a respeito de suas
intenções e de seu uso linguístico. Como diz Alencar:
“O povo que chupa o caju, o cambucá e a jabuticaba
pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que
sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?”[1]
Mais
adiante, contrapondo-se a tal ideário linguístico, virá à baila ninguém mais,
ninguém menos do que Machado de Assis, valendo-se de um português
rigorosamente lusitano, inclusive, como marca de captação de prestígio em
vários meios intelectuais. O século em questão ainda assistiria, como grande
expoente do lusitanismo linguístico, Olavo Bilac, que se notabilizou em altas
esferas lusas da época pela elevada distinção de sua língua tão “leal” ao
legado de Camões.
Toda
essa contenda ainda se espraiará para o século XX, passando com relevo por
Lima Barreto e dialogando com o debate modernista, em nível mais avançado,
sobre a “língua brasileira”. Atente-se para o fato de que ainda é possível aí
uma conexão com o atual debate da Linguística brasileira acerca do português
brasileiro e do europeu, sobre diferentes prismas.
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Permanências
ideológicas e culturais do séc. XIX
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Tais
permanências são, sem dúvida, mais vivazes quando referenciadas no
Romantismo. São muitas as sobrevivências românticas. Muitos valores de mundo
permanecem:
· a
idealização por escapismo social;
· a
exaltação da natureza como forma de encobrir mazelas sociais, como muito bem
se vê em nossa Cidade Maravilhosa e no país, como um todo;
· a
“invisibilidade” do verdadeiro indígena brasileiro;
· toda
a cultura de cortejo à mulher, vista como cavalheirismo, embora não inventada
pelo Romantismo, mas especialmente nele lapidada, segundo seus princípios
estéticos e ideológicos;
· a
persistência do “gótico” e da dor de existir como expressões estéticas;
· o
gosto pela estruturação narrativa romântica, incluindo a figura do “herói”,
da “mocinha”, do clímax previsível e estoicamente superado, do “final feliz”
consagrado dos folhetins ao cinema hollywoodiano atual;
· dentre
outras...
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OBSERVAÇÃO GERAL
|
Os temas transversais, de forma
alguma, confundem-se com conteúdos. Eles são ilustrações,
pontos de enriquecimento, recorrências a interagir com os conteúdos em si,
dinamicamente e com naturalidade.
|
[1] ALENCAR apud MARQUEZ, Jorge. O português do Brasil: a língua de
Alencar. Disponível online via http://www.filologia.org.br/xicnlf/5/o_portugues_do_brasil.pdf.
3a SÉRIE
3ª
CERTIFICAÇÃO
|
LÍNGUA
|
I.
Concordância verbal e nominal.
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LITERATURA
|
I. 2ª fase do Modernismo: poesia.
II. Geração de 45: poesia e prosa.
III. Tendências contemporâneas.
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO – TODAS AS CERTIFICAÇÕES
O texto argumentativo: argumentação e contra-argumentação; tipos de argumento; a coerência, a coesão e a pontuação; a paráfrase, a paródia e a síntese; pressupostos, subentendidos e inferências; a intertextualidade e a polifonia do texto.
absolutamente necessário. Não se pode
também esquecer a contribuição capital das diferentes áreas do conhecimento não
só para a construção da polifonia do texto, que ganha em persuasão por ativar/
engendrar diferentes vozes, discursos sociais, mas também como elemento
facilitador da própria construção da cidadania plena do discente. Cabe, ainda,
enfatizar o trabalho indispensável com a oralidade como um elemento importante
no desenvolvimento da produção escrita.
O
estudo do Pré-Modernismo e, em especial, do Modernismo será importante para
consubstanciar tanto a questão da variabilidade, quanto o cotejo entre a norma
padrão e outras variedades com intenção estética. O primeiro avança no
desenvolvimento de uma consciência crítica de escritores preocupados não apenas
com a realidade sociopolítica do Brasil, mas também com sua representação em
termos linguísticos, enquanto o Modernismo, em suas diferentes manifestações,
abraça esse projeto de forma sistêmica, consolidando-o.
Deve ser observada,
portanto, a relação direta entre o conhecimento da descrição gramatical, os
domínios discursivos, os períodos literários anteriormente estudados (como, por
exemplo, o Romantismo e seu projeto para a construção de uma literatura
nacional), a ruptura com a Tradição, o avanço, sempre pertinente, daquilo que
será e representará o projeto modernista; os muitos debates que todas essas
questões propiciam, como o respeito à diferença, que se traduz no trabalho em
sala com temas como a diversidade de gênero, de crenças, de orientação sexual,
de ideologias, de classes, de etnias, de especificidades regionais, de dialetos
e de registros linguísticos; a discussão importantíssima acerca do preconceito,
dentre outros aspectos sócio-político-culturais; a leitura, a interpretação e a
análise de textos literários e não literários; a produção de textos voltados
para diferentes objetivos. Todos esses itens podem e devem se inter-relacionar
de forma coerente à nossa compreensão de que, na disciplina Português, língua,
literatura e redação não constituem conteúdos estanques, mas antes estão
indissoluvelmente associados.
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